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Foto do escritormarianavilelajorna

Elas foram atrás de sua ancestralidade

Flica 2024: Na mesa de hoje na parte da manhã: Fundamentos, fabulações e escrita da nós, no dia 19, na Tenda Paraguaçu, as escritoras Valéria Lima, Aline Motta, Bianca Santana e Fabiana Cordeiro contaram suas experiências de vivenciar suas ancestralidade na prática, perseguindo histórico de suas árvores genealógicas a fim de resgatar histórias ancestrais negras de suas famílias.



Aline Motta, Valeria Limma, Fabiana Cordeiro e Bianca Santana

Aline Motta, artista visual que combina diferentes técnicas e práticas artísticas, mesclando fotografia, videoarte, instalação, performance, arte sonora, colagem, impressos e materiais têxteis, contou sua experiência com o livro “A água é uma máquina do tempo”. Entre palavra e imagem, entre arquivo e fabulação, o livro  reúne diversas linguagens artísticas e reconfigura memórias ao se valer de uma percepção não-linear do tempo. 


O livro reconfigura memórias construindo um mosaico fluido de épocas a partir de documentos históricos, quando a artista-escritora cruza diversos planos entre si, num percurso que passa pelo luto por sua mãe e vai até o Rio de Janeiro de fins do século XIX, através dos fragmentos que reconstroem as vidas de Ambrosina e Michaela, antepassadas da autora. 


Ao aliar criação e pesquisa, Aline Motta expõe as várias formas de rasura que a herança colonial impõe à nossa história. Na orelha do livro, Ricardo Aleixo escreve: “No afã de dar corpo a esse ‘tentar narrar’ o talvez inenarrável – as lacunas, fendas, dobras, os invisíveis liames, os desvãos da história –, Aline nos oferta uma obra que, em suas palavras, resulta de um processo de criação tão obsessivo e extenuante que bem pode ser definido como uma espécie de possessão”. Comovente e contundente, A água é uma máquina do tempo funde o poético e o documental e faz da imaginação um ato político de transformação.

“Este Rio Paraguaçu (Rio que banha a cidade de Cachoeira) me contou que eu também sou dessas águas e que eu precisaria desmitificar. Essas águas não tem documento mas tem as tias”, destacou ela.

Já a escritora Valéria Lima, através do livro Mãe da Liberdade - A trajetória da Ialorixá Hilda Jitolu, matriarca do Ilê Aiyê, buscou as memórias de sua avó Hilda para imortalizar os caminhos de sua família, especialmente as mulheres. “ Eu sou a terceira geração de mulheres da minha família e senti a necessidade de contar essa história que também é patrimônio brasileiro”, afirmou.

A publicação é resultado de uma pesquisa conduzida entre 2012 e 2014 como parte do mestrado em Estudos Étnicos e Africanos da autora, que também é jornalista e neta da Ialorixá e diretora-executiva do Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda Jitolu.


Já Bianca Santana, jornalista, escritora, professora e militante feminista, buscou outros caminhos para acessar a ancestralidade negra. Sua contribuição foi pesquisar a genealogia realizou dezenas de horas de entrevistas e empreendeu uma escavação documental cuidadosa nesta biografia que é, a um só tempo, tributo à caminhada de Sueli Carneiro, repositório de informação sobre a luta das mulheres negras no Brasil e, por tudo isso, preciosa fonte de inspiração para as futuras gerações. “Mesmo não indo atrás da história de minha família, adentrar a história de Sueli Carneiro foi também adentrar na minha história”, contou.


“Creio que esses estudos são uma forma de transgressão para esta política que não quer puxar este fio”, destacou a anfitriã e mediadora Fabiana Carneiro.

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