Veículos relevantes cobriram as manifestações de ontem, ao contrário do primeiro ato ForaBolsonaro
Por fim, a mídia hegemônica se rendeu à veracidade dos fatos e fez juz aos acontecimentos e ao descaso do nosso governo atual com a população e estampa em suas capas e manchetes, no dia de hoje, a marca de mais de 500.000 pessoas mortas pela Covid-19, bem como o impacto de proporção nacional da manifestação de ontem, a #19J que levou centenas de milhares de brasileiros às ruas para mostrar a insatisfação geral com o governo.
Essa é a segunda manifestação que convocou a população insatisfeita a se manifestar desde o início da pandemia. Diferentemente do primeiro protesto, que foi realizado no dia 29 de maio e teve reresentatividade em todos os Estados brasileiros, e, só para falar da cidade de São Paulo, ocupou toda a dimensão da Avenida Paulista, quando alguns veículos de relevância não apresentaram imagens nem informações à altura dos fatos, agora, alguns veículos de comunicação parecem se render e sensibilizar com o drástico número de 500.000 mortes. Mas por que precisamos chegar em marcas alarmantes para que a mídia repercuta os acontecimentos marcantes no Brasil?
Na primeira manifestação, apesar da amplitude das manifestações que levou centenas de milhares de pessoas às ruas, o Jornal O Estado de S.Paulo fez uma pequena menção ao acontecimento tendo como destaque a matéria “Cidades turísticas se reinventam para atrair home-office”, e o Jornal O Globo, “PIB reaquece”....
Este comportamento de omissão da mídia é um tanto parecido com o período da ditadura militar, quando a mídia se comportou de maneira contrária aos fatos e assim sendo conivente com as atrocidades da época. Mais de trinta anos depois, alguns fizeram mea-culpa, como a Folha, por exemplo.
Atualmente, com a internet, em que não é mais tão simples esconder os fatos nem o obter o monopólio da informação, de forma que um correspondente ou mesmo um cidadão comum pode mandar imagens e informações simultaneamente ao evento para um veículo de fora do Brasil, ficou mais difícil e até vergonhoso esconder as informações.
Jornalistas como Leonardo Sakamoto, do Uol, e Eliane Brum, do El País, fizeram menção à escandalosa negligência da mídia perante ao primeiro protesto de impacto nacional.
Entretanto, ontem, assistimos a uma rendição da mídia à cobertura dos eventos um tanto mais próximo da realidade. Esperamos que a mídia aprenda com seus erros passados e cumpra o seu papel de informar independentemente de interesses comerciais e políticos, que sabemos que possa cruzar e até abafar com os interesses de relevância da notícia e direito à informação da população.
Muito bom artigo crítico Mariana. Compartilho da visão de que, ultimamente, a grande mídia brasileira tem se deixado levar muito mais por interesses e agendas ligados ao poder constituído e muito menos em fazer jornalismo.